" - A soberba e a riqueza dos gregos... - principiou a dizer o companheiro.
- Sim; já conheço essa razão. O ódio entre iberos e gregos; a crença de que estes, pelas suas riquezas e sabedoria, dominam e exploram aqueles... Como se na cidade existissem realmente iberos e gregos!... Iberos são os que estão atrás dessas montanhas que nos cerram o horizonte; grego é esse homem que vimos desembarcar e que aí vem atrás de nós; mas nós outros não somos mais do que filhos de Zazintho ou de Sagunto, como queiram chamar a nossa cidade. Somos o resultado de mil encontros por terra e por mar, e Júpiter ver-se-ia em apuros para dizer quem foram nossos avós. Desde que a Zazintho lhe mordeu a serpente nesses campos e o nosso pai Hércules ergueu as grandes muralhas da Acrópole, quem poderá marcas as gentes que aqui têm vindo e aqui têm ficado, apesar de que outros chegaram depois, para lhes arrebatarem o domínio dos campos e das minhas?"
Vicente Blasco Ibáñez, A Cortesã de Sagunto, trad. Ribeiro de Carvalho e Moraes Rosa, 4.ª ed., Lisboa: Livraria Bertrand, s.d., p. 15 [ort. atualiz.].
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