CRUZAR
"Pulcra foi aqui a luz: acaso um corpo.
Amei como a uns rios, e fulgores os beijos, mortos deram.
Porque quem lembra acalma
um som, mas não outros brilhos.
No silêncio ainda luz, e ela não recua.
Não é o mesmo mais beijos,
mais palavras cruéis,
que o silêncio herdado que ainda se escuta.
Frágil, tenso. É azul. Céu? E são nuvens.
Brancas nuvens sem paz que feridas cruzam."
Vicente Aleixandre, Poemas da Consumação, trad. Armando Silva Carvalho, Lisboa: Liber, 1979, p. 82.
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