"O que era o amor? Ema achava-o um derivativo duma vocação profunda e inflexível; um luxo que simboliza paisagens que a ninguém é dado ver; sonhos, apetites, manias que nada mais são do que o desejo de ser outra pessoa, de arrancar esses símbolos do corpo (o sexo e os olhos que primeiro pecam) a natureza da pessoa, em toda a sua difusa corrente de movimentos. Movimentos ignóbeis porque são idênticos à antiga hoste de mulheres profetas, consagradas a uma ascese que os homens proíbem, para lhes atribuir a mediocridade vivida por Eros."
Agustina Bessa-Luís, Vale Abraão, 5ª ed. Lisboa: Guimarães Editores, 2005, p. 34.
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