Sunday, June 30, 2019

DURO ABRIGO




"em duro abrigo nasce
a ideia do verão: semente
que a luz demora, 

ao fulgor que das armas
cai na terra, o campo
chão da trovoada, 

o corpo em vala muda aberto, des
fabricado, olhos
sem ruído, 

as mãos cobrindo a sombra
na suja tarde
dos retratos, 

os arados no vento, a terra
devagar deitada, 
e sob

o branco olhar, em seu abrigo
o claro som dobra
ao som"


António Franco Alexandre, Poemas, Lisboa: Assírio & Alvim, 1996, p. 216. 

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