Monday, November 23, 2020

HOMENAGEM A PAUL CELAN NO SEU CENTENÁRIO

 



"Ninguém nos moldará de novo em terra e barro, 
ninguém animará pela palavra o nosso pó. 
Ninguém.

Louvado sejas, Ninguém.
Por amor de ti queremos
florir. 
Em direcção
a ti. 

Um Nada
fomos, somos, continuaremos
a ser, florescendo:
a rosa do Nada, a
de Ninguém. 

Com o estilete claro-de-alma, 
o estame ermo-de-céu, 
a corola vermelha
da purpúrea palavra que cantámos
sobre, oh sobre
o espinho."


Paul Celan, "A Rosa de Ninguém", in Sete Rosas Mais Tarde - Antologia Poética, trad. João Barrento e Y. K. Centeno, 2.ª ed., Lisboa: Ed. Cotovia, 1996, pp. 103; 105. 

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