"Ninguém nos moldará de novo em terra e barro,
ninguém animará pela palavra o nosso pó.
Ninguém.
Louvado sejas, Ninguém.
Por amor de ti queremos
florir.
Em direcção
a ti.
Um Nada
fomos, somos, continuaremos
a ser, florescendo:
a rosa do Nada, a
de Ninguém.
Com o estilete claro-de-alma,
o estame ermo-de-céu,
a corola vermelha
da purpúrea palavra que cantámos
sobre, oh sobre
o espinho."
Paul Celan, "A Rosa de Ninguém", in Sete Rosas Mais Tarde - Antologia Poética, trad. João Barrento e Y. K. Centeno, 2.ª ed., Lisboa: Ed. Cotovia, 1996, pp. 103; 105.
No comments:
Post a Comment