FRIALDADE
"Faz frio. Mas, depois duns dias de aguaceiros,
Vibra uma imensa claridade crua.
De cócaras, em linha, os calceteiros,
Com lentidão, terrosos e grosseiros,
Calçam de lado a lado a longa rua.
Como as elevações secaram do relento,
E o descoberto sol abafa e cria!
A frialdade exige movimento:
E as poças de água, como um chão vidrento,
Reflectem a molhada casaria."
(...)
Cesário Verde, Poesia Completa, Lisboa: Publicações Dom Quixote, 2001, p. 102.
No comments:
Post a Comment