Wednesday, October 22, 2014

CRESTADO



"Eis já o lívido Outono
Pesa o manto nas florestas;
Cessaram as brandas festas
De natureza louçã. 
Tudo aguarda o frio Inverno;
Já não há cantos suaves
Do montanhês e aves, 
Saudando a luz da manhã. 

Tudo é triste! os verdes montes
Vão perdendo os seus matizes, 
As veigas e os dons felizes, 
Tesouro dos seus casais; 
Dos crestados arvoredos
A folha seca e mirrada, 
Cai ao sopro da rajada, 
Que anuncia os vendavais."


Soares de Passos, Poesias, 11ª ed., Porto: Lello & Irmão, 1967, p. 8. 

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