Wednesday, October 1, 2014

A SERENIDADE




"Que fizeste do talento que eu te dei?
Dos ritmos da frase que procuramos e nos foge?
Porque não há nenhum dia
até ao último dia único dia acredita. 

Agindo sobre a parte? Se esta praia
é pertença de ninguém. Sobre o todo?
Por excesso? Por carência? Por paixão?

Se a serenidade é como um fim de tarde
improvisado barco dado. 
Cessa. Uma metáfora não leva a lado nenhum. 

Relativo és e as aves. Como sabes de ti
se não sabes ainda o que fazer do outro
nesta praia as areias a manhã
sem que isso sequer seja virtude."


João Miguel Fernandes Jorge, "Vinte e Nove Poemas", in Obra Poética, vol. III, 2ª ed., Lisboa: Editorial Presença, 1988, p. 40. 

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