DOMINGO
"Na minha cidade, nos domingos de tarde,
as pessoas se põem na sombra com faca e laranjas.
Tomam a fresca e riem do rapaz de bicicleta,
a campainha desatada, o aro enfeitado de laranjas:
'Eh bobagem!'
Daqui a muito progresso tecno-ilógico,
quando for impossível detectar o domingo
pelo sumo das laranjas no ar e bicicletas,
em meu país da memória e sentimento,
basta fechar os olhos:
é domingo, é domingo, é domingo."
Adélia Prado, Bagagem, Lisboa: Cotovia, 2002, p. 48.
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