Sunday, October 5, 2014

REPÚBLICA


"A igualdade, para a qual o mundo caminha, a seu termo redundará na perda daquilo que mais importa a uma vida humana. E, a ser assim, a ter de ser assim, em nome da justiça ou de outro alto valor moral, as actividades que hoje olhamos como aquelas que verdadeiramente importam, mostrar-se-ão naturalmente inúteis. Porque, escrever um livro, é desejar que um morto nos leia, não um vivo. Queremos que seja o passado a ler-nos, não o futuro. Se os mortos nos lerem, escrever não adianta nada. Escrever, pensar não contempla qualquer respeito pelos vivos, porque não se sabe o que eles irão um dia ser no passado."

Paulo José Miranda, Vício, Lisboa: Cotovia, 2001, pp. 21-22. 

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