Sunday, October 12, 2014

ODOR


"A floresta era mais escura, estávamos no fundo do oceano de árvores que havíamos visto e continuávamos a descer. Os meus sentidos diziam-me mais do que eu podia explicar logicamente. O cheiro da água estagnada, fumo de madeira, carne queimada, e um outro cheiro mais violento, sujo e rançoso, a latrinas e cães, tudo aquilo misturado. Era o cheiro que eu agora associava com as habitações humanas, não as nossas, mas as de outras pessoas. A limpeza de Jerónimo educara o meu nariz para aqueles intensos odores."

Paul Theroux, A Costa de Mosquito, trad. Manuel Cordeiro, Lisboa: Círculo de Leitores, 1987, pp. 246-247. 

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