"Repara, Filis: a maçã dourada,
Que ainda há pouco na macieira ria,
Tão alegre e tão clara como o dia,
- Ei-la no chão caída, encarquilhada.
Onde está sua graça perfumada,
Que a dos lírios e rosas abatia?
A devorá-la, correm à porfia
As formigas, em turba alvoroçada.
Filis! vem reclinar-te no meu leito,
E deixa-me oscular teu níveo peito,
Teus braços, tua boca de romã!
Carícias te darei de ideal moleza...
Não me resistas mais! Tua beleza
Passará, como o viço da maçã."
Eugénio de Castro, "Figurinhas de Tanagra", in Obra Poética, Tomo III, ed. Vera Vouga, Porto: Campo das Letras, 2007, p. 131.
No comments:
Post a Comment