"Ela tinha razão. Não tínhamos qualquer afinidade com aqueles alemães lá em baixo, a marchar, ou com o morto que jazia no caixão, ou com as palavras que figuravam nos estandartes. Qualquer dia, teremos cortado todos os laços com noventa e nove por cento da população mundial, com os homens e as mulheres que ganham a vida, que asseguram a sua existência, que lutam pelo futuro dos seus filhos. Talvez na Idade Média as pessoas se sentissem assim, quando acreditavam que tinham vendido a alma ao diabo. É uma sensação curiosa, divertida e não desagradável: mas, ao mesmo tempo, sinto um certo medo. Sim, digo para com os meus botões, desta vez é que foi. Estou perdido."
Christopher Isherwood, Adeus a Berlim, trad. Maria Filomena Duarte, Lisboa: Quetzal, 2011, p. 70.
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