Friday, March 31, 2017
EM SIMULACRO
"Ei-lo que voa sobre a Babilónia.
O avião sagrado feito das memórias,
rebites de profetas,
carlinga cheia de iluminados
que confundem as pistas do deserto.
Deixa no ar um rasto de amargura,
um jacto que perdura
e dizem ser dos ares um conspurcante.
Quem há que te levante e guie
por entre nuvens grossas e restos
de cinzeiro?
Sôbolos rios da urbe que trespassa os mares
televisiva e viva a confusão campeia.
Cadelas são micróbios que o teu óculo
alcança. Frenética é a dança.
Amor já rarefeito, peso de mosca ou vida
saber de micro ou macro
e tudo é sobre tudo em simulacro.
Caiu, caiu a grande Babilónia
com violência será precipitada.
Percorres o silêncio muito acima do som,
as coisas ditas já e já desditas,
ave do espírito cansado de ser santo
aonde aterrarás?"
Armando Silva Carvalho, Alexandre Bissexto, Lisboa: Editorial Presença, 1983, p. 83.
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