Wednesday, March 1, 2017

QUIA PULVIS



"As coisas tristíssimas, 
o rolomag, o teste de Cooper, 
a mole carne tremente entre as coxas, 
vão desaparecer quando soar a trombeta. 
Levantaremos como deuses, 
com a beleza das coisas que nunca pecaram, 
como árvores, como pedras, 
exatos e dignos de amor. 
Quando o anjo passar, 
o furacão ardente do seu vôo
vai secar as feridas, 
as secreções desviadas dos seus vasos
e as lágrimas.
As cidades restarão silenciosas, sem um veículo:
apenas os pés de seus habitantes
reunidos na praça, à espera de seus nomes."


Adélia Prado, Bagagem, Lisboa: Cotovia, 2002, p. 30. 

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