(https://www.nationalgallery.org.uk/paintings/hans-holbein-the-younger-the-ambassadors) |
Encaminham-se, os dois, para o Sol da Amizade, no retrato.
A bússola, o relógio de Sol, o bandolim, as coisas perturbantes se juntadas,
Dizem a Jean e a Georges
Que este é o momento
De unirem suas vidas.
O rico e juvenil Embaixador de França
Tem por amigo um padre que o estima. São altos os desígnios de Deus
- E ninguém sabe
O que, dia adiante, lhes acontecerá.
Porém firmes estão perante a verdade. No senhoril olhar
Não há pavor nem tédio. Sabem-no bem, de Selve e Dinteville,
Que da vida merecem do dom da gravidade.
E, nos braços que encostam na chaminé recheada
De estranhos e simbólicos sinais do século XV,
- É do futuro que os ama e eles amam,
É do futuro, sabem-no eles, que se trata.
De um para o outro, de estanha comoção escondida,
Sereno, passa o fio da eternidade.
Porque, em dia austero jamais segundo,
Os dois, Jean e Georges, pousaram para nós.
Juntos, unidos, pela Sua Amizade."
Raul de Carvalho, Elsinore, Porto: Brasília Editora, 1980, pp. 49-50.
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