Monday, October 1, 2018

FORMAS MAIS SECRETAS




"Saio de casa. Outubro. Fria tarde. 
Eis-me através dum ermo pinheiral. 
O sol, já moribundo, chora e arde, 
Gorejam sangue as árvores do val'.

Seus denegridos ramos, tão esguios, 
Perdem-se no céu roxo e vaporoso. 
E causa-me profundos calefrios
O vento, num ataque de nervoso. 

Ó fulminados troncos sem folhagem, 
Erguendo negros braços, na amplidão!
Súplicas dolorosas da paisagem,
As formas mais secretas da Aflição..."


Teixeira de Pascoaes, Sempre, in Belo. À Minha Alma. Sempre. Terra Proibida, ed. António Cândido Franco, Lisboa: Assírio & Alvim, 1997, p. 106. 

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