"Saio de casa. Outubro. Fria tarde.
Eis-me através dum ermo pinheiral.
O sol, já moribundo, chora e arde,
Gorejam sangue as árvores do val'.
Seus denegridos ramos, tão esguios,
Perdem-se no céu roxo e vaporoso.
E causa-me profundos calefrios
O vento, num ataque de nervoso.
Ó fulminados troncos sem folhagem,
Erguendo negros braços, na amplidão!
Súplicas dolorosas da paisagem,
As formas mais secretas da Aflição..."
Teixeira de Pascoaes, Sempre, in Belo. À Minha Alma. Sempre. Terra Proibida, ed. António Cândido Franco, Lisboa: Assírio & Alvim, 1997, p. 106.
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