Wednesday, October 10, 2018

GANDAIA



"Alfredo voltou-se para o homem, mas não chegou a falar. 
- Está entendido! Cá por mim não há empeno! Suba ao terraço, fale à pequena... O que a minha Virgolina disse, está dito. Só não queria que andassem por aí a falar p'las esquinas. Digam o que têm a dizer, cá em cima, à porta, e é quanto basta. Há também a questão das horas e dos dias... - E para a mulher: - Tu já tocaste nisso?
- Não, diz tu...
- Ora, como deve saber, temos outra filha, a Liliana, que também namora. A nossa porta é só uma e não faz sentido que estejam os dois casais para aqui a monte... A vizinhança é danada prà ratança!... Enfim: segundas, quartas e sextas, uns; e, nos outros dias, vocês... ou eles. É só questão de escolha! Das oito às onze da noite, podem estar aqui à porta...
- Quem diz onze, diz onze e meia... - atalhou a mulher. - Não há mal nisso..."


Romeu Correia, Gandaia, Lisboa: Guimarães & C.ª Editores, s.d., pp. 188-189. 

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