"João - Morrer? Que parvoíce! Melhor será montar um hotel.
Júlia (Sem o ouvir) - No lago de Como, onde o Sol brilha sempre e os loureiros ficam verdes até ao Natal...Onde florescem as laranjeiras.
João - Na realidade, o lago de Como é um buraco chuvoso. Nunca lá vi nenhuma laranja, a não ser na loja. Mas é um bom sítio para os turistas. Há milhares de casitas para alugar aos enamorados. Bom negócio. E sabes porquê? Porque todos as alugam por seis meses e se vão embora ao fim de três semanas.
Júlia (inocentemente) - Porquê ao fim de três semanas?
João - Porque fracassam, naturalmente! Mas não importa, o pagamento é adiantado. E assim acontece sempre, casal atrás de casal. Volta-se a alugar, e a história repete-se, porque o amor não falta, embora dure pouco."
August Strindberg, A Menina Júlia, trad. M. Correia, Lisboa: Amigos do Livro, s.d., pp. 238-239.
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