"Para Evrágio Pôntico, o escritor mais importante das antigas instituições monásticas, a contemplação é uma oração sem palavras, sem imagens e sem pensamentos. O nosso pensamento consuma-se no tempo. As palavras precisam de tempo. A contemplação é a sensação de que tudo é uno, de que eu estou unido a Deus, que é o oposto do tempo. E, ao estar unido a Deus, estou também unido a mim, ao meu verdadeiro ser. E aí sou testemunha de que existe algo em mim que ultrapassa o tempo. Existem em mim algo que não é dependente do tempo, algo que é eterno. Não sou um escravo do tempo. Existe em mim um espaço livre, sobre o qual o tempo não pode decidir, porque é retirado ao tempo. Neste espaço livre que a contemplação me abre, acabam-se as preocupações. Aí, não penso no que aconteceu antes e não me preocupo com o futuro, existo simplesmente."
Anselm Grün, Ao ritmo do tempo dos monges, trad. Ana Varela, Prior Velho: Edições Paulinas, 2006, p. 102.
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