"Dêem-me a fome,
Ó deuses que dão parados
Ao mundo as suas ordens.
Dêem-me a fome, a dor e a penúria,
Barrem-me entre a vergonha e o falhanço
Às vossas portas de ouro e fama,
Dêem-me a vossa fome mais vil e penosa!
Mas deixem-me um pouco de amor,
Uma voz que me fale ao findar o dia,
Uma mão que me toque na escuridão do quarto
Quebrando a longa solidão.
No crepúsculo das figuras diurnas
Que toldam o pôr-do-sol,
Uma pequena estrela vagabunda e ocidental
Expelida das terras inconstantes da sombra.
Deixem-me ir até à janela,
Dela observar as figuras diurnas do crepúsculo
E esperar e reconhecer a chegada
De um pouco de amor."
Carl Sandburg, Antologia Poética, trad. Vasco Gato, Porto: Flâneur, 2017, p. 85.
No comments:
Post a Comment