"Não temos as grandes palavras: unicamente a palavra risco para tudo o que há: a fúria de uma criança, a demência de um burocrata, a pontualidade de um funcionário. O risco prende-nos a nada, não começa nem acaba (como o som que o homem inventa), suporta o movimento dos olhos para os manter abertos. Não é o início de um rosto, de uma casa, de uma árvore, de uma palavra: a um risco nada se acrescenta: está completo na sua coisa nenhuma. É. Numa parede, num vidro, no tampo de uma mesa, numa folha de papel. Sobre um nome, mostra o nome. O anónimo. As tesouras continuam a podar."
Rui Nunes, Baixo Contínuo, Lisboa: Relógio D'Água, 2017, pp- 49-50.
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