"Mas agora todos os aparelhos telegráficos da linha tilintavam, todos os corações palpitavam, à notícia do comboio-fantasma que acabava de passar em Ruão e Sotteville. Tremia-se de medo: um rápido que seguia na frente ia certamente ser apanhado. Como um javali numa densa floresta, ele prosseguia a sua corrida, sem se importar com sinais vermelhos nem com petardos. Por pouco não foi esbarrar, em Oissel, contra uma máquina-piloto; aterrorizou Pont-le-Arche, porque a velocidade parecia não diminuir. De novo desaparecido, rolava, rolava, na noite negra, não se sabia para onde.
Que importavam as vítimas que a máquina esmagava no caminho! Não se dirigia para o futuro, indiferente ao sangue derramado? Sem condutor, no meio das trevas, como besta cega e surda largada entre a morte, rolava, rolava, carregada de carne para canhão, esses soldados já insensibilizados pela fadiga e embriagados que cantavam."
Émile Zola, A Besta Humana, trad. Sampaio Marinho, Mem Martins: Publicações Europa-América, s.d., p. 325.
Que importavam as vítimas que a máquina esmagava no caminho! Não se dirigia para o futuro, indiferente ao sangue derramado? Sem condutor, no meio das trevas, como besta cega e surda largada entre a morte, rolava, rolava, carregada de carne para canhão, esses soldados já insensibilizados pela fadiga e embriagados que cantavam."
Émile Zola, A Besta Humana, trad. Sampaio Marinho, Mem Martins: Publicações Europa-América, s.d., p. 325.
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