"O justo, que sofre e vê tudo isto, corre o perigo de extraviar-se na sua fé. Será verdade que Deus não vê? Não ouve? Que não O preocupa o destino dos homens? «Foi, então, para nada que conservei um coração puro (...)! Sou provado a cada hora e molestado continuamente (...) o meu coração lastimava-se» (Sal 73, 13-14, 21). A mudança inesperada acontece quando o justo sofredor, no santuário, dirige o olhar para Deus e, contemplando-O, alarga a sua perspectiva. Agora vê que a aparente esperteza dos cínicos com sucesso, observada à luz, é estupidez: esta espécie de sabedoria significa «ser um louco, sem compreensão», ser «como um animal» (Sal 73, 22). Eles permanecem na perspectiva dos animais e perderam a perspectiva do homem, que vê para além do aspecto material: Deus e a vida eterna."
Joseph Ratzinger (Bento XVI), Jesus de Nazaré, trad. José Jacinto Ferreira de Farias, scj, Lisboa: A esfera dos livros, 2007, p. 272.
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