"Esperamos na obscuridade.
Vinde, vós que escutais, vinde
saudar-nos na viagem nocturna:
nenhum sol agora brilha,
nem luz agora nenhuma estrela.
Vinde, ó vós, mostrar-nos o caminho:
que a noite secreta é inimiga,
a noite que fecha as próprias pálpebras.
E eis como a noite inteiramente nos esqueceu.
E esperamos, esperamos na obscuridade."
"Poemas dos Peles-Vermelhas", in Herberto Helder, O Bebedor Nocturno, Lisboa: Assírio & Alvim, 2010, p. 173.
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