"Olhou para o lado, sobressaltada. António Vargas desaparecera. Julgou-se sozinha, sozinha num jazigo! Voltou-se. Ao canto da sala, de pé, António Vargas fitava-a. Pareceu-lhe assim como um retrato preso na parede. Teve medo, gritou:- António!António caminhou sorrindo. As feições carregadas haviam-se esbatido e um ar ingénuo e jovem brilhava-lhe no rosto. Parou junto dela, passou-lhe o braço em volta da cintura, levou-a para o corredor:- Agora és tu a minha família. Nunca mais voltaremos àquela sala. Hoje enterrei uma porção de mortos. Vem!...E entraram no quarto, fechando a porta."
Manuel da Fonseca, "O ódio das vilas" in Aldeia Nova, Lisboa: Editorial Caminho /BIS, 2009, p. 55.
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