"Mas tudo são temerosas questões. Descendo delas, mais especialmente para este renascimento espiritual, este nevoeiro místico que em França e em Inglaterra está lentamente envolvendo a literatura e a arte, eu penso que ele será benéfico como todos os nevoeiros, repassado de fecundo orvalho e donde as flores emergem com mais viço, mais cor, mais graça e mais doçura de aroma. Nunca mais ninguém, é certo, tendo fixo sobre si o olho rutilante e irónico da ciência, ousará acreditar que, das feridas que o cilício abria sobre o corpo de S. Francisco de Assis, brotavam rosas de divina fragrância. Mas também, nunca mais ninguém, com medo da ciência e das repreensões da fisiologia, duvidará em ir respirar, pela imaginação, e se for possível colher, as rosas brotadas do sangue do santo incomparável.E isto é para nós, fazedores de prosa ou de verso, um positivo lucro e um grande alívio."
Eça de Queirós, "Positivismo e Idealismo"(1893), in Notas Contemporâneas, ed. Helena Cidade Moura, Lisboa: Livros do Brasil, 2000, pp. 195-196.
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