"O seu único defeito foi o de insuflar-me durante algum tempo um cinismo desabusado pelas coisas do amor, que, dada a minha idade e a minha experiência, devia parecer mais divertido do que impressionante. Eu repetia muitas vezes para mim certos conceitos lapidares, entre outros este, de Oscar Wilde: «O pecado é a única nota de cor viva que subsiste no mundo moderno.» Tornava-o meu com absoluta convicção, mais segura ainda, penso, do que se o tivesse posto em prática. Acreditava que a minha vida se poderia fazer sobre esta frase, inspirar-se nela, brotar dela como uma perversa imagem de Épinal: esquecia a morte do Tempo, a descontinuidade, os bons sentimentos quotidianos. Em imaginação criava uma vida de baixezas e de torpezas."
Françoise Sagan, Bom Dia Tristeza, trad. Maria da Graça Azambuja, Lisboa: Ulisseia, 1954, pp. 39-40.
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