O INVERNO
"Agora que já é inverno (ah! Dezembro,
tão culpado de nostalgia) temo, Senhor,
que os teus olhos já não sejam crédito
dos meus dias nem destes versos. O amor,
que de todas as nossas aflições poderá ser
a mais inesquecível, a brisa amarga que nos perdoou
a vida. Em Deus ou na morte ou noutra matéria
tão insubstancial encontrarei
a desculpa volúvel da minha escrita.
Temo, Senhor, que a sombra dos teus caminhos
já só me seja calma. Aceita, canção,
que salva do desejo, te salves da mágoa."
José Alberto Oliveira, O Que Vai Acontecer?, Lisboa: Assírio & Alvim, 1997, p. 28.
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