"«Diz que não fala inglês», disse a Srª Nur, a minha bela tradutora. O presidente tinha falado e desviado o olhar.«Prefere falar em turco, embora fale consigo em alemão ou italiano.»
«Va bene», disse eu. «Allora, parliamo in italiano. Ma dove imparava questa lingua?»
O presidente dirigiu-se à Srª Nur em turco.
«Diz ele: "Fala alemão?"»
«Não muito bem.»
O presidente disse mais qualquer coisa.
«Ele falará em turco.»
«Pergunte-lhe o que é que ele faz. É escritor?»
«Essa», disse o homem através da Srª Nur, «é uma pergunta sem sentido. Uma pessoa não pode dizer em poucas palavras o que faz ou o que é. Isso leva meses, por vezes anos. Posso dizer-lhe o meu nome. Mais do que isso tem de descobrir por si.»
«Diga-lhe que dá muito trabalho», disse eu, e afastei-me."
Paul Theroux, O Grande Bazar Ferroviário, trad. José António Freitas e Silva, Lisboa: Quetzal, 2011, pp. 69-70.
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