" - Sabe o que é este menino? - disse-lhe, designando o pequeno Eros, oculto pelos ciprestes.
Ela pensava que era um angelo.
- Não, não era um anjo! Era um deus, o maior de todos os deuses e talvez o mais antigo. Reinava lá no Olimpo e continua reinando no Mundo. Este convento eleva-se sobre as ruínas dum templo antigo, cujas paredes caíram, tornadas em pó pelo tempo e pelo Homem. Só o menino permaneceu onde se encontra, com as flechas na mão, pronto a erguer o arco. Os antigos chamavam-lhe Eros, o deus do Amor.
Ao pronunciar esta palavra sacrílega, o sino do convento começou a tocar, chamando as monjas para a oração da noite. Ela benzeu-se e saiu do jardim a toda a pressa."
Axel Munthe, O livro de San Michele, trad. Jaime Cortesão, Lisboa: Círculo de Leitores, 1974, pp. 126-127.
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