"Não podendo encontrar, porém, o que procurava, porque daqui a esses países só se vai por água, voltei para trás e cheguei aos lugares santos, onde no verão o pão fresco vale quatro dinheiros e o pão quente se vende de graça. E ali encontrei o venerando padre messer... Não me censureis! Encontrei o digníssimo patriarca de Jerusalém, o qual por veneração pelo hábito do Senhor Santo António que eu sempre vesti, quis que visse todas as santas relíquias que tinha conseguido; eram tão numerosas, que, se quisesse contá-las todas só daqui a dois anos poderia acabar.
Mas para não vos deixar desconsolados, sempre vos falarei de algumas. Mostrou-me primeiramente o dedo do Espírito Santo, tão inteiro e tão são como nunca esteve; o focinho do serafim que apareceu a S. Francisco; uma das unhas dos querubins; uma das costelas do Verbum Caro, põe-te à janela; vestidos da santa fé católica; alguns raios da estrela que apareceu aos três Magos no Oriente; um frasco cheio do suor de S. Miguel quando combateu contra o diabo; o queixo da morte de S. Lázar, e outras coisas ainda.
E como lhe fiz presente dalgumas relíquias que tinha em duplicado, e que ele inutilmente procurara, deu-me em recompensa um pedaço da santa cruz, uma pequena garrafa cheia de som dos sinos do magnífico templo de Salomão e a pena do anjo Gabriel de que já vos falei. Deu-me também um dos sapatos de São Gerardo de Villa Magna, do qual fiz presente pouco depois a Gerardo de Bonsi, estabelecido em Florença, que tem muita veneração por esta santa relíquia; enfim deu-me alguns carvões sobre os quais foi grelhado o bem-aventurado S. Lourenço."
No comments:
Post a Comment