"Embora aparentemente inerente à natureza humana, em especial desde a aurora da autoconsciência do indivíduo, a ideia de progresso é de facto um conceito recente. Para os gregos e latinos, a questão simplesmente não se punha. No futuro, eles viam sinais de uma mudança que devia ser evitada, e voltavam-se para o passado, para uma era de ouro mística da qual o homem caíra. Platão encarava o futuro como um período de declínio, segundo uma teoria amplamente compartilhada da degeneração da política, resultado de um conservadorismo que sonha com o retorno à simplicidade da existência natural. Outros, como Aristóteles, teorizaram uma doutrina de ciclos históricos repetidos infinitamente. Horácio escreveu: «Damnosa quid non imminuit dies?» («O que o tempo funesto não destrói?»), na crença de que o tempo é o inimigo do homem, que só pode esperar o pior do futuro."
Zygmunt Bauman e Carlo Bordoni, Estado de Crise, trad. Renato Aguiar, Lisboa: Relógio D'Água, 2016, p. 151.
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