IGNORÂNCIA
"A tua ignorância, se não és ignorante,
vem do muito imaginares. Ou de te a arte
sair de esforço nulo quando sabes
libertar o inconsciente. Exibes
sempre a ocultação do meio,
de instrumentais processos,
fascinações, delírios, imagens,
e ritmo só, a preencher o mundo.
A tua ignorância, se não és ignorante,
ou se te não exibe o secular fantasma
da ignorância douta, vem daí,
da onde repousas a alma
e te restituis à vida
numa ilusão terrível de verdade pura.
E entretanto, como o tempo passa.
A nua ignorância."
Luís Adriano Carlos, Livro de Receitas, Porto: Campo das Letras, 2000, p. 53.
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