"Pai nosso que estás no céu
Cheio de toda a espécie de problemas
Com o cenho franzido
Como se fosses homem vulgar e corrente
Não penses mais em nós.
Compreendemos que sofres
Por seres incapaz de compores as coisas.
Sabemos que o Demónio não te deixa em paz
Desconstruindo o que tu constróis.
Ele ri-se de ti
Mas nós choramos contigo:
Não ligues aos seus risos diabólicos.
Pai nosso que estás onde estás
Cercado dos anjos desleais
A sério: não sofras mais por nós
Tens de aceitar
Que os deuses não são infalíveis
E que nós perdoamos tudo."
Nicanor Parra, Acho que Vou Morrer de Poesia, sel. e trad. Miguel Filipe Mochila, Lisboa: Língua Morta, 2019, p. 82.
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