"Desce a paz com a música dos sinos,
Tal pingos d'óleo sobre a água lisa,
E as sete luzes que, em suspeita irisa
O céu, se apagam. Correm desatinos
No sumiço das árvores. A brisa
Endoida os fumos que, das casas, finos,
Fingem no ar gigantes e meninos,
Asas e mãos, que a noite inutiliza.
Depois, cerra-se, vão, o azul de em volta,
Que tudo esmaia. Só as estrelas tolhem,
Como furos, no véu que encobre tudo...
Murcham os braços. Cessa o ventre, Mudo,
Cala-se o esgar de lúbrica revolta
Na árvore em que os pássaros recolhem."
António Pedro, Antologia Poética, Braga-Coimbra: Angelus Novus, 1999, p. 59.
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