Tuesday, December 31, 2024

BRECHAS

 


"E depois haverá o caos.
Sempre existirá
como acorde final
duma apoteose,
já que nada permanece.
Tudo se degrada,
em rachaduras mínimas,
disfarçadas,
que se tornação brechas
desmesuradas, esfomeadas,
que tudo esmagarão
com o tempo, a indifereça
e a ruína por aliados.
Onde as colunas esguias,
a Fénix adejando
pousando na sombra longa?
Porque desapareceu,
apesar das cinzas,
do renascer
repetido até à saciedade?
O caos, a inevitabilidade,
a consequência,
o acorde final,
a ausência..."


Maria Filomena [Cabral], Poemas do amor e da morte, Porto: Tipografia do Carvalhido, 1978, p. 83.

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