"Ergue-lhe o corpo
Em braços de asa e gaze
E leva-O
Como quem levanta véus
Por sobre uma campina
Que se rase...
E vai,
Até onde mortais olhos não pensem
As imagens de ciclos habituais...
Onde os lábios
Sustentem a cadência
Das palavras acesas
Que o indizível
Não segreda mais.
Cabe uma Vida
Em séculos de um Dia.
Nas lutas do Arcanjo ao nosso lado
Sempre os povos recolhem a agonia
De ver carros de fogo
E de conquista
Cortando a sua terra
Como Alexandre Magno incendiado
A poisar numa pista.
Toca a rebate
O sono das crianças,
Invadidos de guerra,
Inocentes de esperança,
Que se levantam
Como quem levita,
Presas ao ventre ainda
De um noivado."
Natércia Freire, "Foi Ontem Apenas", in Obra Poética, vol. II, Lisboa: INCM, 1994, p. 116.
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