"Todos os bebés eram larvares, seres por inventar asas. Por semelhança às canas de bambu e aos leques, a menina haveria de arranjar maneira de parecer voar. Poderia ter por olhos duas pedras translúcidas que transparecessem os interiores dos corpos, igual ao que acontecia nas lendárias louças dos palácios imperiais. Talvez visse através de um amadurecimento dos olhos. Os seus olhos poderiam ser como frutos que só se tornariam maduros com o fim do tempo quente. Seriam olhos em mutação. Era preciso esperar. Aqueles que nasciam obrigavam a esperar."
Valter Hugo Mãe, Homens imprudentemente poéticos, Porto: Porto Editora, 2016, p. 45.
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