Saturday, September 24, 2016

INTERROGAR



"O Segundo Guerreiro - Como não interrogar, como há-de estar calmo o meu coração nesta hora? Sei eu onde estou e quanto tempo tenho ainda de velar? Esta escuridão sobre os muros, onde a pedra se esboroa e rola, será talvez o meu túmulo amanhã, e talvez que o vento que me açoita as faces já me não encontre amanhã - como não devo eu, enquanto vivo, interrogar sobre a minha vida? A chama palpita e enrosca-se antes que a mecha se extinga na sombra; como não há-de a vida sobressaltar-se em indagações antes de extinguir-se na morte? Talvez que já seja a morte que assim se interroga em mim e não a vida."


Stefan Zweig, Jeremias, 5ª ed., trad. Cândido de Carvalho, Porto: Civilização, 1964, p. 92. 

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