BALBUCIO
"A débil linha, o que te prende
à escrita, a tinta sobre o papel,
o delta que os dias descrevem.
O que dirás ainda do outono?
Cada estação despede-se, é vê-la
fugir como se não quisesse voltar.
Da tua célebre memória, a de
elefante, haverias de roubar a cinza
do que balbucia no outono. Haverias
de roubar o seu perfil, a sua substância,
o que não esquece. Da tua célebre memória,
haverias de recuperar a cinza
sobre a árvore, a débil linha
que te prende."
Luís Quintais, Verso Antigo, Lisboa: Cotovia, 2001, p. 48.
No comments:
Post a Comment