"Talvez por isso, às vezes, muitas vezes,
apetece-me contar
do seu peso e da sua medida,
do termómetro e da febre,
do sexo e do cheiro,
do riso movediço dos olhos mirabolantes
Da nudez do pensamento, da curva do pescoço,
da generosidade das pernas,
da pele banhada a ouro,
e de mim,
dos brincos que ponho e tiro.
Talvez por isso, às vezes, muitas vezes,
apetece-me contar que o como à sobremesa
com as unhas, com os dentes.
Olho por olho
Oh, meu anjo,
ainda assim, contando, contando, contando,
guardo o melhor para mim."
Josefa de Maltezinho, Fracturas Expostas, Vila Nova de Famalicão: Húmus, 2022, p. 16.

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