"Absorvido no ovo a ver nascer o pássaro
Atento à luz mínima em cada casca
Incorporava na desordem pedra a pedra
O próprio corpo de poeta em carne e osso
Era ele o autor e não o acaso
Era ele o autor e não a escrita
Era ele o autor da obra que primava
Por amor do descuido rigoroso
À imagem de Deus criava um mundo
Sem imagem de Deus havia espelho
O espelho reflectia o invisível
Ele não era o autor, não era isto
O pássaro, entretanto, emergiu do ovo
A chave do mistério era inútil"
António Barahona, Livros da Índia, Lisboa: IN-CM, 1984, p. 113.

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