"Maeterlink sublinhou, com a sua habitual acuidade, várias raízes do medo do silêncio. É devido ao seu «sombrio poder» que sentimos «um medo tão profundo do silêncio, e dos seus jogos perigosos». Em rigor, suportamos o silêncio isolado, o nosso próprio silêncio: «mas o silêncio de vários, o silêncio multiplicado, e sobretudo o silêncio de uma multidão, é um fardo sobrenatural cujo peso inexplicável as almas mais fortes temem». É por isso que «passamos uma grande parte da nossa vida em busca dos lugares onde não reina o silêncio. Assim que dois ou três homens se encontram, eles não pensam senão em banir o inimigo invisível.» E Maeterlinck interroga-se: «Quantas amizades vulgares não têm outro fundamento senão o ódio do silêncio?»"
Alain Corbin, História do Silêncio, trad. António Sabler, Lisboa: Quetzal, 2025, p. 157.

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