"- A ficção é assim. Imagina o Alexandre Dumas a contar coisas que se passaram, em vez de coisas que se podiam ter passado? Era uma tolice e, mais do que tolice, era um mau presságio. Nunca se deve dizer a verdade em público, foi para isso que os jornais se inventaram. Sabe porquê? A verdade não se pode acolher em nossa casa. É como a santidade. Os sinónimos de santo são terrível ou ciumento (Jos. 24, 19). Não há maior desejo do que o desejo da verdade. Mas ela inspira terror, ninguém a quer ter por hóspede, nem sequer por vizinho."
Agustina Bessa-Luís, O Mistério da Légua da Póvoa, Lisboa: O Independente, 2004, pp. 75-76.

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