""No debate filosófico e teológico, estas distinções foram muitas vezes radicalizadas até ao ponto de as colocar em contraposição: tipicamente cristão, seria o amor descendente, oblativo, ou seja, a «ágape», ao invés, a cultura não cristã, especificamente a grega, caracterizar-se-ia pelo amor ascendente, ambicioso e possessivo, ou seja, pelo «eros». Se se quisesse levar ao extremo esta antítese, a essência do cristianismo terminaria desaticulada das relações básicas e vitais da existência humana e constituiria um mundo independente, considerado talvez admirável, mas decididamente separado do conjunto da existência humana. Na realidade, «eros» e «ágape» - amor ascendente e amor descendente - nunca se deixam separar completamente um do outro. Quanto mais os dois encontrarem a justa unidade, embora em distintas dimensões, na única realidade do amor, tanto mais se realiza a verdadeira natureza do amor em geral."
Bento XVI, Deus Caritas Est, s. tr., Lisboa: Rei dos Livros, 2007, p. 12.
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