Tuesday, December 10, 2019

EVEN IN THE SHADOWS (para a Divina Marie Fredriksson)




"Velo o coração inerte contaminando, 
disperso, uma viela de folhas estéreis
soltas dos ramos do céu dormente.

Ajeito-lhe o véu, a cobrir-me de ti, 
ainda. Nas mãos incompletas seguro
um sussurro de angústia a regurgitar-se
do vazio. Chaga aberta, ainda. E no
regaço frio da ansiedade, medo da
escuridão, seguro o vaso onde serei
pó. Pó alheio à sede do sepulcro onde 
te deixei, a ti, carrasco involuntário
do meu peito. A ti que me morreste, 
inocente, neste poente de imperfeita
finitude."


Virgínia do Carmo, Relevos, Macedo de Cavaleiros: Poética Edições, 2014, p. 54. 

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