"Velo o coração inerte contaminando,
disperso, uma viela de folhas estéreis
soltas dos ramos do céu dormente.
Ajeito-lhe o véu, a cobrir-me de ti,
ainda. Nas mãos incompletas seguro
um sussurro de angústia a regurgitar-se
do vazio. Chaga aberta, ainda. E no
regaço frio da ansiedade, medo da
escuridão, seguro o vaso onde serei
pó. Pó alheio à sede do sepulcro onde
te deixei, a ti, carrasco involuntário
do meu peito. A ti que me morreste,
inocente, neste poente de imperfeita
finitude."
Virgínia do Carmo, Relevos, Macedo de Cavaleiros: Poética Edições, 2014, p. 54.
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