"a partir do momento em que tudo ao meu alcance se imobiliza, sinto a copa da árvore verdejante, à entrada de um ramo; vindo de um ponto movimentado da vila próxima,
um trilhador dos mundos senta-se na soleira de um barraco de cristal. Está centrado sobre um objecto que deixou ____________ o estudo do texto em que escrevo e que lhe conferiu (necessitaria ele?) o estatuto de nómada. Sem situação social do conhecimento. As folhas adoram vagamundos. A vagueação. E as daquele plátano, e árvores limítrofes, não são excepção à regra. Assim, ele, partido em fragmentos, move-se, flutuando, por impulso do ar. É um homem quotidiano, sem nenhum sinal de ilustração nas mãos e/ou no rosto. Os olhos percutentes encontram os meus. Quem diria que são olhos dormentes? O silêncio. O silêncio.
Quando o azul desce, e se transforma no negro chumbado da noite, acende-se sobre ele uma densidade que o protege, e lhe permite continuar a vadiar. Convido-o para o meu quarto,
que se desfaz na espuma do texto."
Maria Gabriela Llansol, Amigo e Amiga - curso de silêncio de 2004, Lisboa: Assírio & Alvim, 2006, p. 11.
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