"Dizem que fere amor com passadores
e que traz em matar o pensamento,
mas eu julgo que tem amor de vento
quem cuida haver no mundo tais amores.
Também dizem que o pintam os Pintores
menino, nu e cego: e tão sem tento,
que é mais cego e mais nu d'entendimento,
quem cuida que em amores cabem tais cores.
Amor é um espírito invisível,
que entra por onde quer, e abranda o peito
sem cor, ser arco, aljava ou seta dura:
Pode num peito humano o impossível,
recebe-se somente no conceito,
e tem no coração posse segura."
(Frei Bernardo de Brito), Sílvia de Lisardo - os sonetos, ed. Fiama Hasse Pais Brandão, Lisboa: Assírio & Alvim, 1987, p. 43.
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