"É domingo: o burguês deixa os asfaltos,
Dando o braço à burguesa:
Procura o campo e, ao vê-lo, exclama aos saltos:
«Ó filha, que lindeza!»
E pasma do verdor febril, romântico,
Da múrmura floresta;
E a sua longa orelha absorve o cântico
Da passarada em festa.
Eu que não saio, escondo a gelosia,
Com negros cortinados,
E recebo a visita, em pleno dia,
Dos espectros amados.
E aquele Amor que eu vi morrer outrora,
No meu quarto aparece!
Senta-se ao pé de mim, beija-me e chora,
E treme e desfalece!"
Gonçalves Crespo, Nocturnos, in Obras Completas, 6ª ed., Lisboa: Empresa Literária Fluminense, 1922, pp. 52-53 [ort. atual..].
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